data-filename="retriever" style="width: 100%;">Foto: Renan Mattos (Diário)
Aproximadamente 150 anos de história que desabam, pouco a pouco. Esta é a situação do histórico Clube Caixeiral, em Santa Maria. No último domingo, uma cena de dois anos atrás voltou a se repetir. Mais uma parte do telhado do prédio, no segundo andar, caiu.
A Defesa Civil já fez duas vistorias externas no local. Nesta quarta-feira, a intenção do órgão era entrar no prédio, mas, conforme informações repassadas pela prefeitura, isto não foi possível porque "o responsável pelo clube não compareceu ao local". Contudo, o presidente da entidade, Lauri Pötter, afirma que não foi avisado, nem na terça, nem hoje.
O Diário conversou com o coordenador da Defesa Civil, Adão Lemos, após a vistoria de terça-feira, pela manhã. Ele teme que o problema no telhado possa oferecer perigo para as muitas pessoas que transitam diariamente ao redor do Caixeiral, tanto na Rua Alberto Pasqulini, quanto na parte da frente, em direção ao Calçadão.
- O vento e a chuva, prevista para os próximos dias, nos preocupam. Porque passa muita gente aqui e pode acontecer de alguma madeira ou telha voar do prédio para baixo - explica.
De acordo com a análise preliminar que fez, Lemos acredita que a estrutura do telhado se deteriorou em função da infiltração e, provavelmente, a presença de cupins.
- É preciso que seja feito, no mínimo, o restabelecimento do telhado - propõe.
A equipe isolou parte da Rua Alberto Pasqualini com fitas para que os pedestres mantenham distância segura do local.
data-filename="retriever" style="width: 100%;">Foto: Renan Mattos (Diário)
Calçada da Rua Alberto Pasqualini, a antiga Rua 24 horas, teve parte interditada
DIREÇÃO
Lauri Pötter afirma que a direção segue em tratativas com o empresário Nilvo José Dorneles, que demonstrou interesse em explorar o Caixeiral comercialmente. Em troca, Dorneles faria o conserto do telhado. Porém, segundo Pötter, não há prazo para que esse contrato seja finalizado, por mais que, em 2019, a parceria tivesse sido anunciada, e as reformas tivessem sido orçadas em cerca de R$ 500 mil.
O presidente do clube acredita que a estrutura, mesmo danificada, não oferece perigo para a população.
- Não tem perigo. Cai tudo dentro do próprio prédio. O pedaço que caiu domingo é uma parte que já estava mais desgastada. O resto das "tesouras" do telhado está calçado por baixo - garante Pötter.
A parte que desabou no fim de semana é pequena, se comparada ao que cedeu em 2018. Na época, quase metade do clube ficou descoberto. Desta vez, uma área retangular e menor, na extremidade do que sobrou do telhado, foi o que caiu.
style="width: 100%;" data-filename="retriever">Foto: Renan Mattos (Diário)
JUSTIÇA
O dono do restaurante que funcionava no segundo andar, Luis Henrique Pascotini, 56 anos, moveu uma ação na Justiça contra o clube, por danos e perdas materiais. Como locatário do local, ele se sentiu prejudicado por ter de arcar com a rescisão de 15 funcionários e, por isso, decidiu buscar indenização. O Diário entrou em contato com Pascotini na terça-feira. Ele disse que o processo judicial segue parado. O empresário, que, atualmente, atua como gerente em outro restaurante, conta que, até agora, houve apenas uma audiência de conciliação, na qual as partes envolvidas não entraram em acordo.
- Tu sabes como é a nossa Justiça. Não há novos prazos. Está tudo parado - lamenta Pascotini.
Em setembro de 2020, o Diário ouviu o empresário Nilvo Dorneles sobre o interesse dele no prédio. Na ocasião, ele explicou que aguardava a solução do entrave jurídico para ter segurança para fazer o investimento.
PATRIMÔNIO HISTÓRICO
O presidente do Conselho Municipal de Patrimônio Histórico e Cultural de Santa Maria (Comphic), Fábio Müller, irá encaminhar uma notificação à direção do clube sobre os novos estragos na cobertura. Uma notificação similar também será enviada à prefeitura, solicitando providências devido ao que ele considera "risco iminente à integridade física e estilística da edificação, assim como da segurança dos transeuntes do entorno". Desde 2019, o Caixeiral é tombado como patrimônio histórico municipal.
Conforme Lauri Pötter, o prédio está avaliado em R$ 16 milhões. O clube está interditado.
*Colaborou Rafael Favero